terça-feira, 12 de março de 2013

Eu entro nesse barco, é só me pedir...




Eu entro nesse barco, é só me pedir...
Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas tens que remar também. Eu desisto fácil, tu sabes. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só para atravessar o mundo e te ver todo dia. Mas tens que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas tens que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Tens que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por ti vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar. Re-amar. Amar...
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(Caio Fernando Abreu)

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