
Desce a tarde outonal ... No salão quieto e mudo,
Véspero sol um hausto inflamado derrama.
Lavra uma febre de ouro. Há frêmitos de chama
Nos bronzes, nos cristais, nas molduras ... em tudo.
E nas jarras de forma esgalgada e franzina,
Chispando á fulva luz, sob a tarde outonal,
As rosas murcham ... Lenta, em magoada surdina,
- Saudade da estação – canta a aura vesperal.
As rosas murcham ... No ar paira o vago e tristonho
Silêncio emocional das almas e das cousas.
As jarras de cristal lembram lúcidas lousas ...
E as rosas murcham, como um sonho, como um sonho ...
E do rútilo poente as rosas amortecem ...
Desfaz-se do horizonte o pomposo cariz.
Ó! morbidez da cor das rosas que emurchecem,
Agonia do aroma, estertor da matiz!
[...]Arthur de Salles
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