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BENÇÃO DAS LÁGRIMAS
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Bendita a lágrima em que se cristaliza
o acervo atroz de nossas dores e se dilui o negro fel de nossas mágoas. Bendita a lágrima a cuja tona flutuam farrapos sombrios de sonhos dourados e em cujo fundo vagueiam espectros tristonhos de esperanças mortas... Bendita a lágrima dos que carpem a desdita de nascerem sem teto e choram a desgraça de viverem sem pão. Bendita a lágrima dos que jamais conheceram um afeto de mãe e nunca provaram um carinho de esposa. Bendita a lágrima, desafogo amigo dos que são sós e consolo ardente dos que são tristes. Bendita a lágrima dos que põem sobre os ombros a cruz de seu próximo e o ajudam a escalar o calvário da existência. Bendita a lágrima dos que buscam, errantes, o calor de um afeto e somente encontram o frio do desprezo. Bendita a lágrima dos que sofrem injustiças pelos ideais que defendem e só colhem ingratidões pelo bem que semeiam. Bendita a lágrima que erige no cérebro um templo à Verdade e converte o coração num sacrário de Amor. Bendita a lágrima que aflora, escaldante, nas noites do sofrimento e esplende como um sol nas manhãs da redenção. Bendita, enfim, a lágrima, gota de luz das auroras celestes e síntese terrena do orvalho divino. (Rubens C. Romanelli) |
domingo, 14 de outubro de 2012
A BENÇÃO DAS
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